quarta-feira, 8 de junho de 2011

DESCRIÇÃO

Distando cerca de doze quilómetros da sede do concelho, Vilares da Vilariça, (que tem 328 eleitores) situa se na parte superior do riquíssimo vale da Vilariça, facto que permite excelentes produções de vinho (parte da freguesia ainda está incluída na região do vinho generoso do Douro) e azeite, bem como uma importante produção frutícola. A origem desta localidade, antigamente dividida em duas (Vilares de Cima e Vilares de Baixo) remonta ao período suevo e foi posteriormente povoada. O seu nome está também ligado à lenda dos Cavaleiros das Esporas Douradas. A "terra" de Vilariça, muito ampla e que posteriormente se iria fragmentar e dividir em pequenos territórios pequenas freguesias teve a sua sucessora na paróquia de Santa Comba. Antes disso, porém, D. Pedro Fernandes, um nobre local, iria doar a região de Vilariça ao mosteiro de Bouro, que doravante ficou com a sua posse. Juntamente com a paróquia de santa Comba, eram doadas as freguesias de Colmeais e Vilar de Baixo e de Cima. Ainda hoje, e de forma definitiva desde o século XVIII, a freguesia compreende os três pequenos lugares. O orago, inicialmente de Santa Comba, foi substituído por Santa Catarina, que era o do lugar de Vilares de Cima. Curiosa é a exclamação do abade de Miragaia, autor dos dois últimos volumes do "Portugal Antigo e Moderno" (por morte de Augusto Pinho Leal), em relação a esta relativamente confusa movimentação administrativa da freguesia: "Valhanos a Senhora do Monte do Carmo!". A igreja paroquial de Vilares da Vilariça merece nos destaque sobretudo pelo seu espólio. Deste, o elemento mais importante é uma cruz das almas, em cobre, do século XV Provavelmente, deverá ser o mais antigo elemento processional de todo o concelho de Alfândega da Fé. Conforme descreve Fernando Pereira, em "Ourivesaria Religiosa do Concelho de Alfândega da Fé", "é uma cruz de braços rectos, interrompidos no seu ponto central por expansões (que em peças de prata desta época serão quadrifoliadas) e com terminações flordelizadas. Este desenho, arvoriforme, é identificado com o madeiro onde Cristo foi crucificado". A única decoração existente, para além da própria estrutura, é conseguida à base de círculos (cabeças de prego). O Cristo é um bom trabalho escultórico, usa um pano de pureza cobrindo lhe praticamente toda a perna. Este tipo de cruzes divulgou se bastante pela zona e são conhecidas por "Cruzes das Almas". Referência ainda para uma custódia existente na igreja paroquial. Mais recente do que a cruz atrás mencionada, (séc. XVII) é em prata e mede cinquenta e seis centímetros de altura, por doze e meio de largura. Semelhante a muitas desta região, pode ser utilizada como custódia e também como cálice, daí o facto de ter os dois nomes. A igreja possui ainda quatro altares em boa talha e em bom estado de conservação. Em Vilares da Vilariça existe um núcleo habitacional antigo que está a ser objecto de recuperação e que inclui a área onde se localiza o cruzeiro e uma das casas brasonadas. Um destes brasões pertenceu à família dos Távora. A capela de Nossa senhora do Socorro fica na encosta sul da Serra de Bornes, a cerca de dois quilómetros e dali se avista todo o Vale da Vilariça, até ao rio Douro. Na zona fica igualmente a Fraga dos Mouros, espécie de gruta cavada no granito que segundo a tradição serviu de refúgio. A zona da Barragem é um local de interesse turístico, sendo permitida a pesca desportiva. Realizam se festas em honra de S. João, a 24 de Junho e de Nossa Senhora do Socorro, a 14 de Agosto. Dr. Francisco José Lopes, Abril de 2002